Preservação de Sementes: O Legado Cultural do Sertão do Araripe

No sertão do Araripe, o agricultor Chico Peba, residente em Santa Cruz (PE), tem se destacado como um guardião de sementes crioulas, preservando uma rica diversidade de grãos que não apenas alimentam, mas também contam a história de sua família e da cultura local. Em seu armazém, Chico apresenta com orgulho algumas das centenas de sementes que cultiva, adaptadas ao clima árido da região.
As sementes crioulas, como são conhecidas, são aquelas que foram desenvolvidas ao longo de gerações, sendo nativas ou adaptadas ao ambiente local. Elas possuem um valor cultural significativo, refletindo a identidade e a tradição das comunidades que as cultivam. Chico compartilha a importância dessas sementes, que garantem a segurança alimentar e a continuidade das práticas agrícolas tradicionais.
Entre as variedades que ele cultiva, destaca-se o feijão trivicía, uma herança familiar que tem sido cultivada por gerações. Outro grão importante é o feijão barrigudo, conhecido por sua resistência e adaptabilidade. O feijão andu, ou guandu, também faz parte de sua coleção, assim como o milho dente de cavalo, que foi trazido da Bahia e adaptado às condições locais.
Chico também planta diferentes tipos de milho, como o milho ligeiro, que se desenvolve rapidamente e é colhido em caso de chuvas precoces, e o milho tardio, que oferece segurança caso as chuvas atrasem. Além disso, ele cultiva o milho médio e variedades de milho colorido, como o metade roxo e metade amarelo, e o milho branco.
Outras sementes que fazem parte de seu acervo incluem a mucunã e a cabaça, ambas com significados culturais e utilidades diversas. A preservação dessas sementes é uma forma de Chico Peba manter viva a cultura do sertão do Araripe, garantindo que as futuras gerações possam se beneficiar de um patrimônio agrícola rico e diversificado.
Chico Peba é um exemplo de como a agricultura familiar e a preservação de sementes podem contribuir para a segurança alimentar e a valorização da cultura local, mostrando que o conhecimento tradicional é fundamental para enfrentar os desafios climáticos e sociais do sertão.
Fonte: G1